Minicurso de ensino criativo 2

Minicurso foca aprendizagem baseada no trabalho em equipe

Em 16/10/18 16:24.

O Team-Based Learning (TBL) desenvolve a capacidade de liderança, argumentação, comunicação e gerenciamento de conflito

 

Texto: Aline Borges

Fotos: Carlos Siqueira

Com a ampliação do acesso à universidade e a democratização da educação, o desafio do ensino de qualidade também ganha novas dimensões. Neste sentido, a Comissão de Desenvolvimento do Ensino Criativo, Colaborativo e Inovador (DECCI) integrou à programação do 15º Congresso de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de Goiás (Conpeex/UFG) o minicurso Team-Based Learning (TBL): uma estratégia de ensino aprendizagem para grandes grupos, o qual ocorreu na manhã desta terça-feira (16/10) no Centro de Eventos Professor Ricardo Freua Bufáiçal.

Ministrado pelos professores Flávio Marques, da Faculdade de Farmácia (FF), e Ida Helena Carvalho, Faculdade de Nutrição (Fanut), o minicurso se dedicou a apresentar, de maneira simples, interativa e didática, as etapas necessárias para organizar uma atividade no formato TBL. Baseado no diálogo e colaboração, o método e a forma como foi exposto durante o evento recebeu inúmeros elogios dos participantes, sobretudo daqueles que já o conheciam, mas não eram capazes de mensurar toda sua complexidade prática e teórica para aplicação em sala de aula.

 

Minicurso de ensino criativo
Professores da UFG, Flávio Marques e Ida Helena Carvalho apresentam novas formas de ensinar

 

Afinal, o que é TBL?

A estratégia, traduzida como Aprendizagem Baseada em Equipes, foi desenvolvida no começo dos anos de 1970 nas escolas de administração como uma alternativa de trabalho com classes mais numerosas e tinha o objetivo de proporcionar a aprendizagem significativa, que exigisse a reflexão, tornando o aluno mais crítico acerca do tema discutido. Uma característica interessante no método de acordo com Ida, é justamente o fato dos estudantes “posicionarem-se responsáveis pelo seu próprio conhecimento”, conferindo ao professor o papel de mediador ou facilitador do processo de aprendizagem.

Sendo assim, a primeira etapa proposta no TBL ocorre fora da sala de aula e é chamada de “Preparo”. Basicamente, o professor recomenda que, previamente, o aluno faça um estudo individual a partir de um texto, entrevista, conferência, filme ou experimento que tenham a ver com o conteúdo a ser desenvolvido. Esse estágio do processo é fundamental, visto que influencia diretamente no andamento de todos os seguintes, tanto que a etapa seguinte é chamada de “Garantia do Preparo” e consiste na aplicação de uma prova ou questionário individual que possibilitam ao professor fazer uma triagem de como foi a adesão da classe à proposta inicial.

Essa primeira avaliação, apesar de constituir-se como uma prova de múltipla escolha, é estruturada de forma diferente onde o aluno não necessariamente tem que marcar apenas uma resposta que considera correta, pelo contrário, em cada questão, o estudante pode dar pesos de zero a quatro às alternativas apresentadas. Se por exemplo, em uma questão o aluno estiver em dúvida entre a resposta a e d, ele pode dar 2 pontos a cada uma. Flávio explicou que, ao fazer esse sistema de distribuição de pontos, você não obriga o aluno a marcar apenas uma mesmo que não esteja completamente certo daquela resposta, o que torna o sistema de avaliação menos punitivo ao erro.

Feito isso, os estudantes reúnem-se em grupos menores e, a partir de suas respostas nos testes individuais, devem discutir cada questão, defender as ideias que fizeram com que escolhesse determinada resposta e, ao final, o grupo deve chegar a um consenso para entender qual alternativa deve ser marcada. Neste sentido, Flávio explica que “a distribuição em grupos é valorizada, pois é um ambiente seguro para o aluno”, livre da figura do professor e do julgamento de um número muito maior de colegas. “A grande vantagem do TBL é a aprendizagem com o par”, explica o professor que já aplica o método em suas aulas na FF.

 

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Antes de iniciar as atividades, os professores sugeriram que fosse feito um "pacto de convivência", visto que o método aplicado privilegia a igualdade e diálogo em sala de aula.

 

Ainda nessa mesma etapa, existem dois processos fundamentais: o feedback imediato, que consiste em um gabarito com as respostas corretas para que o grupo tenha um acesso rápido às respostas corretas, e a possibilidade de apelação ou recurso, na qual o grupo que não concordar com a forma como a questão foi elaborada pode contestar, a partir de uma análise e revisão bibliográfica do tema e pedir a anulação, ou propor melhorias para o texto. Aqui, Ida expõe que “geralmente, a pontuação em equipe vai ser maior que a individual porque houve uma discussão e argumentação”.

O professor, em seguida, discute cada questão, abre espaço para a turma apresentar seus pontos de divergência e também pode propor uma “miniconferência” para abordar os principais pontos do assunto estudado. O mais importante é que os conceitos fundamentais do conteúdo tenham sido realmente apreendidos pelos grupos para que, na próxima etapa, chamada de “Aplicação dos Conceitos”, os grupos consigam refletir de forma prática a teoria que acabaram de aprender.

Essa terceira etapa do projeto é interessante por estimular que o estudante reflita o que acabou de aprender a partir de uma situação problema baseada em questões do cotidiano profissional que poderá enfrentar futuramente. A avaliação final da disciplina é feita a partir do desempenho individual e em grupo de cada estudante e do peso que o professor estimular para cada etapa do TBL.

Ao final da manhã, os participantes puderam mostrar o que aprenderam a partir de um exercício no qual eles deveriam elaborar um plano de aula a partir dos estágios de Aprendizagem Baseada em Equipes. Os temas abordados refletiram a diversidade de áreas e níveis de conhecimento da turma. Um dos grupos utilizou a temática do próprio Conpeex para propor uma metodologia de ensino que, dividida em módulos, ensinasse aos estudantes a utilizar a ciência para reduzir diversos tipos de desigualdades, como social, de gênero, racial, de classe, dentre outros.

 

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Evento reuniu alunos e professores de diversas áreas do conhecimento

 

Fonte: Secom UFG

Categorias: Notícias CONPEEX